10.26.2010

"Dorme Mãe Pátria, nula e postergada..." - A minha visão sobre a crise em Portugal

Esta citação, ocorreu-me aqui há dias, por ocasião de uma conversa acerca do Status Quo do nosso Portugal.
Não me veio à cabeça directamente da fonte, mas por interposta pessoa que tão bem a soube aplicar no prefácio da sua obra.
Falo obviamente do romance a "Vida num Sopro", de José Rodrigues dos Santos.
Não sei de que melhor forma se poderia recuperar uma frase de tão poderosa síntese, para descrever uma obra e o estranho poder que a envolve.
Infelizmente, na minha opinião, Fernando Pessoa cristalizou nesta mesma frase, aquilo que de alguma forma caracteriza o povo Português na sua esmagadora maioria.
Na verdade, é o povo em sentido lato que está aqui retratado, incluindo a sua elite dirigente, mas a nulidade a esses últimos pertence, e ao povo cabe a posterga, que deixa essa Mãe Pátria à mercê de quem, à falta de qualidades intelectuais e verdadeiro sentido de nação, de pátria, mama nas tetas da mãe, velha e cansada, até à exaustão.

 Não me venham com histórias, de que somos um país pequeno, de que não temos recursos, de que somos periféricos... Balelas!

Por derivados estudos matemáticos, geográficos, astronómicos, métricos e mera observação, ficou cientificamente provado que o Planeta Terra é  basicamente... esférico, pelo que é uma imensa massa sem periferia.
Essa história da periferia já foi desmistificada há séculos.

Quanto aos recursos, resumidamente a lista vai de A a Z, e contém também as estangeiras K, Y, e W.
Sim, leu bem! "W", porque entre Whisky de Sacavém a  WebMasters de tudo cá se produz.

Mais, ser Português é sinónimo de ser Europeu, de ser Latino e de ser em simultâneo, cidadão do mundo. Os portugueses são apreciados em todo o mundo pelas suas elevadas capacidades de adaptação, aprendizagem, trabalho, dedicação, esforço, honestidade, profissionalismo e não menos importante, de amizade e miscigenação.
Eu sempre gostava de ver os Ingleses ou os Alemães a fazerem mulatas e cabritas... Tá quieto ó mau!

Qual é o Sueco que se lembrava de partir mundo fora e ir fazer promoção turística na Islândia? E eles até são dali perto, mas não só são desprovidos da capacidade de serem outra coisa que não Suecos, como não têm qualquer vontade disso.

Mas aí está, numa terra de 300.000 habitantes, ostracizada pelo próprio Helius acima dos 35º de declinação, um Português desvenda os mistérios de uma terra pouco conhecida de muitos. Não vem ao caso se ele é meu cunhado e têm um blog fantástico intitulado Iceland Views, e cujo link é http://iceland-views.blogs.sapo.pt/, mas importa antes salientar o facto de se ter aventurado e aplicado todo o seu saber e imaginação num projecto, baseado numa terra que aos olhos do mundo está falida.
À primeira vista assim seria, mas nada pode estar mais distante da verdade do que essa afirmação, porque há um aspecto fundamental que distingue o povo Islandês do povo Português, que se pode resumir em :
- Os islandeses são governados por islandeses, e não por portugueses.

Queria ainda voltar um pouco atrás, só para fazer uma ressalva quanto à honestidade dos portugueses. Há basicamente dois tipos de português. No que toca a esta matéria convém salientar que o Português médio é honesto, ou seja, vive do seu ganha pão, da labuta, da faina, do trabalho, do suor do seu trabalho e do calor do transporte público, esse Português é cumpridor, respeitador, é verdadeiro, é genuíno, e o seu único defeito é gostar das coisas assim mesmo, simples, sem altercações nem sobressaltos.

É aí que reside o grande território de actuação do outro tipo... o portuguesinho!

Escrevi Português com letra maiúscula  com o propósito de qualificar a sua dimensão humana, e portuguesinho é isso mesmo, é um "inho", uma coisa, um ser abjecto que aposta em nada mais do que o seu umbigo, e do qual tem uma imagem maior que um urso pardo.

O portuguesinho congratula-se com a queda do Português, porque vê nisso uma oportunidade de trepar um pouco mais por cima do corpo inerte deste último.
O portuguesinho é descrente de todas as qualidades do Português, porque acredita que nelas, não reside qualquer vantagem pessoal e de resto, as que possam existir em termos de grupo, não lhe dizem  respeito.

O portuguesinho milita em torno das esferas de poder, vasculhando qual barata  em caixa de saneamento, de migalhas de auto-congratulação, auto-bajulação e resquícios de influência sobre aqueles que têm o infortúnio de trabalhar ou viver sob a sua alçada.

O portuguesinho veicula  informação falsa e especulativa, alimenta a intriga, a inimizade e a desconfiança. O propósito disto,  é bizarro, porque tem como alvo a aplicação da máxima "Dividir para Governar".

Lá dividir divide... Mas depois é que são elas! Governar!
Pois é... Aí é que a porca torce o rabo!
Governar é uma actividade profundamente distinta de mandar, e isso é coisa que não cabe na cabecinha do portuguesinho.

Governar exige conhecimento teórico, experiência, uma formação pessoal sólida, autoconfiança, humildade, espírito de sacrifício e abnegação, tudo coisas asquerosas do ponto de vista do portuguesinho.

Alguém concebe uma Nau São Gabriel, cujo "Governo" (porque também é assim que se chama a arte de comandar e orientar uma embarcação), fosse entregue às mãos de um Dias Loureiro, ou de um Fernando Seara?

O mais provável seria, ao invés de dobrar o "cabo das Tormentas", saquearem a seu belo prazer os mantimentos, as oferendas para os indígenas, andarem 6 meses à volta da Berlenga e irem encalhar na Pedra da Anicha, convencendo toda a tripulação que aquela gente  com calças arregaçadas não seriam pescadores de Setúbal, mas sim Indianos do sul, o que aliás seria consubstanciado pela coloração da pele!

Convenhamos, um portuguesinho não sabe governar... sabe sim... "governar-se"!

Os Portugueses, infelizmente, não se sentem ainda devidamente acicatados para acordarem do seu torpor...
Não chega descontar impostos e ter que pagar taxas moderadoras, propinas de ensino obrigatório, portagens nas Scut´s, estacionamento Municipal que deveria ser pago pelas verbas do Imposto de Circulação.

Parece que não é também suficiente a injustiça gritante de terem que trabalhar décadas a fio, descontar uma fatia importante do seu salário e do rendimento das empresa, para ao fim de uma vida de trabalho receberem uma reforma que muitas vezes não chega a sobrar à saída da farmácia do bairro, enquanto os portuguesinhos recebem reformas avultadas por cargos atríbuidos por outros portuguesinhos, em nomeação sem concurso, e exercidos por meia dúzia de anos ou até, de apenas alguns meses.

Não suscita indignação ao Português que só receba a sua reforma por inteiro ao cabo de uma vida e muitas vezes, já quase com o padre à porta para ministrar a Extrema-Unção, enquanto os portuguesinhos as acumulam em vida uma após outra com a maior desfaçatez e descaramento.

Não basta ver o portuguesinho encomendar veículos de luxo para o seu "serviço", e em simultâneo alegar, para todo e qualquer investimento a bem da comunidade, a falta de verbas.

O facto de ver o nível de exigência do Ensino ser paulatinamente reduzido, visando apenas as metas estatísticas da "peneira Europeia", e não a qualidade formativa dos cidadãos que saem todos os anos das nossas escolas, também não aparenta inquietar o Português.

O Português, está sentado, à espera que lhe tirem tudo, para se chatear.

O Português está adormecido e não acredita em nada a não ser na "droga" que lhe é injectada nos olhos em serões familiares de estupidificantes laboratórios de psicologia humana, cujas cobaias são testadas em directo "para Português ver" (Eu poderia usar a expressão original, mas não quero meter ingleses ao barulho).

Até quando Português?... Até quando te vão roubar a liberdade, o pão, a felicidade, a esperança do amanhã, a paz e a tranquilidade pela qual tão arduamente lutas?
Até quando vais deixar que te pisem essa força interior que fez de ti o herdeiro de uma história cheia de bons exemplos?
Até quando vais calar e comer, pagar e não bufar?
Até quando te vais deixar "mandar" por portuguesinhos nefastos e anafadinhos?

O Português adora bacalhau, mas não é por essa razão que tem que viver pela regra do "bacalhau basta"!

Acorda Português... Acorda!!

Faz-te homem... e defende a tua Mãe, que é tua mulher, que é tua filha, que é tua amante esquecida.

Devolve-lhe a confiança em ti.

Fá-la mover-se, e sacudir as pulgas que grassam há anos no seu seio.

Levanta-te.

Exprime-te.

Grita.

Português, não podes viver conformado com esta realidade, senão não és verdadeiramente Português!
Não mereces o vermelho da tua bandeira, o sangue que os teus pais, os teus avós e os seus avós antes deles derramaram, para que tu tivesses o direito de dizeres o que pensas, e fazeres aquilo em que acreditas.

Defende os teus direitos e luta para cumprires a tua obrigação, ou a dormir... serás engolido pelo peso da tua indiferença!


Nota final: Como prova do que defendo, decidi fazer uma pequena experiência.
  1. Escolhi dois nomes dos mais vulgares em Portugal, daqueles que pertencem a todos e a ninguém - António e José-, escolhi também um apelido do mais comum -Silva-.
  2. Fui ao Google e digitei os 3 nomes ao acaso e acrescentei a palavra "Português".
  3. Entre outros resultados de portugueses e luso-brasileiros, escolhi um link ao acaso. O primeiro que consta aqui em baixo.
  4. Pela leitura do conteúdo, concluí que qualquer António José da Silva, pode fazer a diferença.
 Já agora leiam também.
  1.   http://pt.wikipedia.org/wiki/António_José_da_Silva 
  2.  http://embaixada-portugal-brasil.blogspot.com/2009/10/peca-de-autor-portugues-vence-premio.html

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