9.23.2008

O Light, o Brent... e a dor no dente.

De O Democrata Pré-histórico

Se há coisa que todos sabemos, é que a verdadeira liberdade começa na independência e na autonomia. Não basta dizer que somos livres, temos que ser livres, e ser livre implica ter a possibilidade de optar.
Em crianças aprendemos essa lição, e ansiamos por isso, com um aperto no peito, pela idade adulta, perspectivando os dias da autorecriação, ideia que se esfuma aos primeiros embates com a falta de autonomia.
É quando a vontade de ir ou de fazer, esbarra na impossibilidade financeira de lá chegar ou mesmo de partir.
Estranhamente, esta lição que nos impele para o estudo, para o esforço de atingir a autonomia, e nos empurra para o mercado de trabalho, cedo é esquecida, e vítimas do fenómeno mercantilista liberal, caímos no consumo e na ilusão de uma vida livre. Rapidamente damos por nós agrilhoados por créditos, despesas fixas, obrigações fiscais e o diabo a quatro.
Infelizmente para nós Portugueses, a nossa criancice começou em 1143 e acabou em 1500, quando alcançada a tão desejada autonomia, a corte se pôs a contrair a doença do consumo e da pompa e circunstância.
Não fora o esporádico episódio delirante de 40 anos de Estado Novo, e teríamos assistido a uma história semelhante à de qualquer família endividada até ao pescoço.
Nos dias que correm, tudo voltou ao normal...
Os portugueses não têm dinheiro, mas os grupos empresariais estão cheios dele, parasitando impunemente sobre o esforço daqueles que tão somente desejam uma vida simples e em liberdade. Os sucessivos Governos, tal como uma avestruz armada em rinoceronte, de vez em quando tiram a cabeça da areia, investindo contra qualquer objectivo que pareça que conferir modernidade.
A agravar a enfermidade, a actual crise da finança veio "furar" o balão de ar que o liberalismo selvático criou, debaixo da barbas de todos os Governos e cidadãos.

Quem está a salvo?

À primeira vista, quem não depende de petróleo nem de dinheiro, safa-se. A não ser claro está, que seja atingido por alguma catástrofe!

Uma coisa é certa. Quem tiver um mínimo de sensibilidade política, apercebe-se que tudo isto é pior que "Fado", porque o fado é obra propositada, e o "Fado" que nos consome é obra do acaso que nos tem governado.

A Política de Ordenamento do Território nunca foi levada a sério, preparando o país para a lenta desertificação do interior e a fragilidade às alterações geofísicas (cheias, incêndios, secas, etc...). Acordámos tarde para a nossa insuficiência energética, que nos obriga a comprar a energia ao exterior aos preços que o mercado impõe, e ainda assim damos alguns passos tímidos nas energias eólica e solar, mercê dos "empurrões" de alguns empresários estrangeiros, que vêem no nosso país o potencial que nós não vemos.

Em 1998 Portugal gastou uma verba impar até então a organizar a Expo'98. Neste certame fazia-se apelo ao potencial energético dos oceanos, quer a nível de aproveitamento das ondas quer das correntes e das marés.

No entanto, comportamo-nos qual enfermo com dor no dente a adiar a inevitável ida ao dentista. Não sei já se é porque não temos dinheiro para a consulta, ou se por habituação à dor, mas a inacção continua, e quando se prevê gastar €5.000.000.000,00 no TGV (cinco mil milhões de Euros - 1000 milhões de contos em Português arcaico), eu fico a pensar onde é que vamos arranjar electricidade para pôr o TGV a andar.

Vamos decerto importá-la, e continuar a viver ao sabor do vento.

A navegar assim, as descobertas tinham acabado "encalhadas" na Berlenga, ou coisa que o valha.

Se não se der rumo à política de desenvolvimento estratégico deste país, vamos acabar "encalhados" na próxima escalada do petróleo, ou numa qualquer "flatulência" do Dólar e do mercado.


Não sendo tudo verdade, vale a pena ler o artigo.


Sem comentários: