Curioso, ter-me ocorrido este título para esta entrada. Não surgiu como muitas vezes surgem, no final do acto de escrita, nem tão pouco surgiu antes. Desta feita foi mesmo um golpe do momento.
Na verdade, a relação deste escrito tem mais a ver com o percurso da história de Anakin Skywalker, do que inicialmente se poderia pensar.
Tal como o arqui-herói da história, também eu tenho atravessado um período negro...
Não tanto em termos de valores, mas mais em termos de fé. Aquela calma e estupidez natural com a qual eu tanto me identificava e que me caracterizava de certa forma, falhou-me num dado momento...
Não consigo pôr o dedo na ferida quanto ao momento exacto, mas estou certo que vão uns anos em que isso aconteceu. É bem possível que o acumular de responsabilidades e o medo de falhar me tenha empurrado para lá do lado negro, deixando-me só e perdido na vida.
Não faltaram as pessoas que muito fizeram para me ajudar a encontrar o caminho, e uma em particular nunca desistiu de mim!
Mesmo no mais fundo do abismo, acenava-me com uma luz ténue que me permitiu nunca deixar de saber de onde vim, e essa é a direcção fundamental para que se dê o regresso.
É no mínimo estranho, que seja necessário uma pessoa vir para tão longe de tudo quanto lhe é querido, para ser capaz de focalizar e reordenar as ideias.
Não deve ser alheia a esta tomada de consciência, a percepção que a vida é um bem precioso, e de muito maior fragilidade do que normalmente gostamos de pensar. Provavelmente não pensamos nisso por termos o receio que ela nos seja "roubada" subitamente, e custa-nos viver com esse medo.
Mas a verdade é que quanto mais temos consciência desse fio de teia que nos suspende, mais facilmente aprendemos a valorizar cada bocadinho que nos é oferecido.
A caducidade da vida é um facto inegável, que no mínimo nos obriga a aproveitar ao máximo o prazo de validade.
Vir para Angola talvez tenha sido o ponto de partida...
Aqui tudo é efémero. A vida corre inexorável, e é para muitos, ceifada na flor da idade.
A injustiça desse facto cruel, levou-me a relembrar o quão valiosas são as pessoas que me rodeiam, o quanto a vida é boa, o quanto somos afortunados pelo mero facto de respirarmos e podermos sentar à mesa todos juntos.
Esta é talvez a maior aprendizagem que fiz a nível pessoal com esta experiência... aprender a aproveitar todos os bocadinhos que a vida trás.
A bem da verdade, foi essa aprendizagem que me devolveu fé no futuro... A certeza de estar em sintonia com as pequenas coisas da vida, que no fundo são, aquilo de que ela é feita.
Foi num desses regressos trimestrais a casa, que duram duas minúsculas semanas, e depois de os dois primeiros terem sido bastante razoáveis, que me reencontrei comigo mesmo.
Claro como água que foi nesse reencontro com o meu lugar, com as "minhas" pessoas, que se deu a viragem do espírito, e que a passos largos percorri o caminho inverso ao que tinha vindo a percorrer até então.
Foi o meu regresso...
Pois aqui estou eu de volta, e comigo voltaram também a minha criatividade e a energia positiva, a calma e a estupidez natural de que tanto sentia falta.
É o regresso do "Je"...
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